O curso é pré-requisito para a Formação em Medicina Antroposófica.
A Associação Brasileira de Medicina Antroposófica iniciou em 1994 o 1o Curso de Formação em Medicina e Terapias Antroposóficas em São Paulo, nos moldes de Especialização Latu Sensu (Cursos Livres – Lei no 9.394 – Diretrizes e Bases da Educação Nacional) que possibilitam conhecimento e atualização na Antroposofia (Capacitação pedagógica). Em 1998, com a formação das regionais da ABMA, possibilitou-se a formação em outros estados do Brasil.
No Rio de Janeiro, atualmente, estamos na 10° turma do Curso Básico, que iniciou em maio de 2024.
O Curso Básico de Antroposofia segue as diretrizes da Comissão de Ensino da ABMA, ligada a Seção Médica do Goetheanun. O curriculum segue o modelo internacional, Core Curriculum
(Curso Básico – 1º ano da Formação em Medicina Antroposófica)
Destinado aos médicos e a todos os profissionais da área da saúde e profissionais ou estudantes de outras áreas de atuação profissional que buscam aperfeiçoar sua prática, ampliar a percepção do ser humano e de sua atuação profissional, ampliar a arte de cuidar do ser humano, que desejam aprofundar seu conhecimento em Antroposofia e que buscam um caminho de autodesenvolvimento.
O Curso Básico de Antroposofia, organizado pela Associação Brasileira de Medicina Antroposófica Regional Rio de Janeiro (ABMA-RJ), é um curso de capacitação pedagógica que almeja trabalhar os conceitos que fundamentam a Antroposofia e que servem de alicerce à sua prática. Fornecer informações que preencham lacunas para quem já conhece alguns conceitos antroposóficos e uma introdução ao pensamento do filósofo e educador austríaco Rudolf Steiner (1861 – 1925) para quem deseja conhecê-lo. Visa estimular o interesse na continuidade deste estudo, permitindo que uma eventual formação sistemática possa ser feita sobre uma base mais sólida.
O objetivo do curso é familiarizar os profissionais com os conceitos teóricos da Antroposofia, e prover as bases para que os profissionais de saúde possam compreender e tratar a doença considerando as suas dimensões corpóreas, anímicas e espirituais, outros profissionais tem como ampliar sua percepção do ser humano e do seu trabalho, podendo perceber e atuar no mundo de forma mais integrada e também pode ser feito como caminho de auto-desenvolvimento.
Na formação para os profissionais médicos uma atenção especial é dada ao estímulo e à prática do caminho de desenvolvimento ético, social e espiritual do profissional. Apresentando a meta constante da Dr. Ita Wegman e de Rudolf Steiner “Renovar a antiga essência dos mistérios e fazê-la fluir para a medicina”; “complementar o que havia na compreensão dos processos da doença e da cura com o que pode fluir de um verdadeiro conhecimento do espírito”; “reconhecendo plenamente os princípios da medicina que trabalha os métodos científicos reconhecidos atualmente, o conteúdo a ser colocado em prática pela Medicina Antroposófica, só deve ser colocado em prática, na arte médica ampliada, por médicos plenamente qualificados no princípios científicos”. GA 27.
São nove módulos teórico práticos, sendo destes, 2 intensivos com carga horaria maior. Os módulos acontecerão durante um final de semana por mês.
Conteúdo Programático – 1ª fase
O conteúdo programático apresentará os conceitos que fundamentam a antroposofia. Para a Antroposofia o ser humano está intimamente ligado à natureza e aos seus elementos, de maneira que constituem juntos um organismo complexo e harmônico. Este universo possui um aspecto visível, concreto, palpável e mensurável e outro não perceptível aos sentidos, que constitui um conjunto de forças dinâmicas, sutis. Os minerais, as plantas, os animais, as estrelas, os planetas e o ser humano formam este organismo único, simultaneamente material e “espiritual”. O ser humano também pode ser considerado uma imagem condensada deste universo, do macrocosmo, trazendo em si cada um de seus elementos, o microcosmo. É com base nesta relação com o mundo ao redor que podemos encontrar a cura para os desequilíbrios de saúde, na natureza e em seus processos (BELO HORIZONTE, 2004).
No curso abordaremos alguns conceitos da Antroposófica que são considerados fundamentais para a compreensão dessa abordagem nos diferentes ciclos da vida humana, especialmente na infância. Entre eles cabe destacar as polaridades, a trimembração, a quadrimembração e os primeiros setênios (BOTT, 1982; HUSEMAN; WOLFF, 1982; GOEBEL; GLÖECKER, 2002).
A. Polaridades: De acordo com a cosmovisão antroposófica, o ser humano desenvolve-se e vive permanentemente entre duas polaridades: as forças de expansão, relacionadas aos processos de dissolução, que se manifestam patologicamente como distúrbios inflamatórios; e as forças de contração, relacionadas aos processos de desvitalização e ressecamento, que se manifestam patologicamente como distúrbios de esclerose e morte.
B. Trimembração: Na anatomia e na fisiologia, tais polaridades assumem uma configuração tríplice: cabeça, tronco e membros. Para a Antroposófica, essas regiões são as sedes de três sistemas: neurossensorial, rítmico e metabólico.
Ao se observar a cabeça, vê-se que nela predominam os processos neurossensoriais, com baixa vitalidade e alta especialização. A região cefálica é um polo de captação do mundo externo : som, luz, ar e alimentos. No polo oposto encontram-se o abdome e os membros, com predomínio de intensa atividade metabólica, que é o polo metabólico. Os processos de regeneração celular são muito ricos, mas inconscientes, e há um “ir para o mundo”, por intermédio das secreções produzidas, das eliminações, da ação de nossas mãos e nossos pés. Entre essas duas regiões de características bem distintas encontra-se o sistema rítmico, representado pelo tórax, que abriga o coração e pulmão, a inspiração e a expiração, a sístole e a diástole, ou seja, a concentração e a eliminação. Tais movimentos promovem o equilíbrio entre as duas polaridades e a inter-relação saudável entre o polo neurossensorial e o polo metabólico.
C. Quadrimembração: Em uma perspectiva complementar, o homem é visto como um ser que compartilha semelhanças com os reinos mineral, vegetal e animal, mas que também distingue-se deles pela presença da autoconsciência e da individualidade. Neste sentido, o homem é portador de quatro estruturas essenciais, também chamadas de “corpos” no vocabulário antroposófico: corpo físico (elemento mineral, sólido e inerte); corpo vital ou etérico (que é formado pelas forças que possibilitam o desenvolvimento de todos os processos vitais: crescimento celular, regeneração e reprodução, entre outros); corpo anímico, alma ou corpo astral (que é formado pelas forças da consciência que estão presentes no reino animal e no ser humano como fundamento para uma vida sensitiva); e a organização do eu (que é o elemento característico do ser humano que o distingue dos demais reinos e seres da natureza; é o responsável pela atuação saudável dos demais corpos e pelo aparecimento do andar ereto, da fala, do pensar e da individualidade).
Uma das manifestações importantes da quadrimembração é o conhecimento sobre os quatro temperamentos, conhecimento que remonta à Medicina greco-galênica, muito importante para a abordagem das crianças pela Antroposofia, tanto na Medicina quanto na Pedagogia (MUTARELLI, 2006).
Temperamento melancólico está relacionado ao elemento terra e caracteriza-se por crianças mais introspectivas, quietas e de comportamento por vezes tristonho.temperamento fleumático está relacionado ao elemento água e manifesta-se em crianças mais sonhadoras, plácidas, que tendem a apreciar bem os alimentos, chegando a ser comilonas. temperamento sanguíneo está relacionado ao elemento ar e caracteriza-se por crianças que são muito ativas, extrovertidas e que estão sempre em movimento. temperamento colérico está relacionado ao elemento fogo e manifesta-se em crianças que assumem precocemente a liderança nos jogos e em outras atividades. Uma das tarefas do médico escolar, prevista pela Pedagogia Waldorf, é contribuir com os professores nas intervenções terapêuticas, por meio de exercícios e orientações aos pais, buscando o equilíbrio dos temperamentos nessa faixa etária (BOTT, 1982; GOEBEL; GLÖECKER, 2002).
D. Os primeiros três setênios. O processo de desenvolvimento do ser humano, segundo a Antroposofia, se dá em ciclos de sete anos, marcados por acontecimentos significativos no campo biológico ou psicológico. Distinguem-se três grandes ciclos biográficos compostos de três setênios cada um: do nascimento aos 21 anos, dos 21 aos 42, dos 42 aos 63 anos/ final da vida. Na infância, os temperamentos manifestam-se mais ativamente no segundo setênio, entre 7 e 14 anos. As transformações que acontecem nos primeiros três setênios são as seguintes:
Primeiro setênio: Do nascimento aos 7 anos, há profundas transformações relacionadas com o crescimento e o desenvolvimento neuropsicomotor da criança. O bebê absorve o mundo pelos sentidos do polo neurossensorial e vai, gradualmente, aprendendo a interagir com o mundo externo. Predominam a imaginação e a fantasia. A troca dos dentes e o início da alfabetização, em torno dos sete anos, marcam a mudança de ciclo.
Segundo setênio: Caracteriza-se pelo desenvolvimento principalmente do sistema rítmico e por uma relação com o mundo por intermédio dos sentimentos (pela admiração ou pela rejeição, pela simpatia ou pela antipatia) pelas pessoas ou por vivências. Nesta fase, os temperamentos ficam mais evidentes.
Terceiro setênio: A puberdade, por volta dos 14 anos, marca a entrada numa nova fase de amadurecimento biológico, com pleno desenvolvimento das forças metabólicas. Aos 21 anos, com a individualidade já formada, a pessoa geralmente busca a sua independência em relação ao ambiente familiar.
E. Salutogênese: Conforme exposto anteriormente, o profissional antroposófico procura, em primeiro lugar, apoiar os processos naturais de cura e recuperação da saúde presentes na própria criança. Algumas vezes, vai necessitar atuar com medicamentos (quando a criança desenvolve alguma doença aguda ou crônica) ou com terapias não medicamentosas. Porém, na maioria das vezes, vai atuar como um conselheiro de pais, familiares e professores, orientando-os sobre a melhor forma de garantir a saúde das crianças de uma maneira mais global.
F. Pedagogia Waldorf: É uma abordagem do campo da educação de crianças desenvolvida a partir da Antroposofia. Nas escolas de orientação Waldorf, o aprendizado é considerado como um fenômeno que mobiliza o corpo todo, em seus níveis físico, vital e emocional.
Atitude pedagógica: No ambiente familiar, a principal orientação é feita no tocante à atitude pedagógica dos pais e educadores.
No primeiro setênio, o estímulo deve ser dado às atividades lúdicas, reforçando a importância do brincar livre e do “dar asas à imaginação”. A criança aprende e apreende o mundo pela imitação dos gestos, pelo fazer, pela alimentação e pela relação com o outro. Por tal razão, é importante o adulto ter uma atitude coerente com o que fala e ensina. As crianças devem viver o mundo como algo bom. Recomenda-se fortemente que as crianças sejam preservadas dos conflitos e da exposição aos conteúdos adultos.
No segundo setênio, a criança constrói seu mundo interno, seu equilíbrio e sua saúde por intermédio da admiração e do respeito pela natureza, assim como pelo educador. Deve ser estimulada a vivência do belo.
No terceiro setênio, suas vivências e sua relação com o outro devem se basear na percepção do verdadeiro. Pais e educadores são referências não mais com relação às práticas de saber responder e corresponder às dúvidas e perguntas dos jovens, mas sim no tocante à necessidade de manter uma atitude de sinceridade e clareza em relação aos seus valores e às suas crenças. Todos estes elementos, aliados a outros estímulos físicos, emocionais e espirituais, criam o suporte para que a criança e o jovem mantenham-se saudáveis e desenvolvam sua individualidade plenamente.
Ritmos e rotinas: Tendo-se como base a noção de que a criança é ainda muito ligada às forças da natureza, que representam uma fonte de vitalidade, equilíbrio e saúde, deve-se incentivar a manutenção de um ritmo diário de atividades, acompanhando os ritmos da natureza (do dia e das estações do ano). A rotina na vida da criança, a repetição de atividades nos mesmos horários a cada dia (na alimentação, no banho, na hora do sono, de ir dormir com o anoitecer e de acordar com o nascer do sol), o brincar livre e solto em ambientes abertos, alternando tais atividades com o brincar mais recolhido e tranquilo, num ambiente acolhedor, fortalecem o organismo e dão segurança para a criança.
G. Alimentação: Os conceitos descritos de trimembração e de quadrimembração são uma forma de “leitura” dos fenômenos da natureza e podem ser aplicados em várias situações. Os alimentos, por exemplo, além de seu conteúdo nutricional, quantitativo, trazem em si as forças da natureza, que podem atuar na saúde da criança, por exemplo, estimulando o polo neurossensorial numa criança com características mais metabólicas, abrandando o temperamento colérico em outra ou despertando uma criança muito sonhadora e desligada.
H. Goetheanismo, Metodologia Científica Antroposófica. Rudolf Steiner trata da filosofia do conhecimento e da possibilidade de conhecer os fundamentos metafísicos dos fenômenos de modo objetivo inspirado nos conceitos do escritor e pensador alemão Goethe (Johann Wolfgang von Goethe).
I. Atividade Artística e Euritmia: A vivência artística é um elemento fundamental na formação do profissional dentro da antroposofia. Através do exercício regular das diversas modalidades da arte (pintura, modelagem, desenho, canto, euritmia) busca-se resgatar um olhar mais sensível do mundo, que para muitos de nós, ficou reduzido aos limites do puramente racional. O experimentar artístico amplia a percepção das múltiplas nuances da condição humana.
As atividades artísticas ministradas nos cursos de formação antroposófica diferem da Terapia Artística propriamente dita, onde os elementos da arte são direcionados conscientemente para atuar numa condição específica desarmônica ou patológica do indivíduo.
J. Cosmogênese: Cosmos e organização humana funcionam a partir de categorias arquetípicas idênticas, e compreender o Cosmo também significa compreender a organização humana. (MORAES, 2005).
Referência:
Ministério da saúde. Cadernos de Atenção Básica, n° 33. Brasília, 2012.
Graduação em Medicina pela UFRJ em 1995. Residência Médica em Psiquiatria pelo Instituto Philippe Pinel em 1997, Especialização em Saúde Mental pelo IPUB-UFRJ em 1998. Trabalhou de 1998 a 2006 como médico psiquiatra, supervisor e consultor em diversos serviços da rede municipal de saúde do Rio de Janeiro e na Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro. Atualmente é médico psiquiatra do Hospital Santa Marta e atende em consultório particular no Rio de Janeiro e em Niterói.
Médica pela Universidade Estado do Rio de Janeiro. Residencias médicas em otorrinolaringologia na UERJ e Instituto de Otorrinolaringologia de Minas Gerais. Especialista em Medicina do Trabalho. Curso de Formação em Medicina Antroposófica 2000- 2004. Clinical Foundation Course Kolisko Academy Filderklinik – Alemanha. Aconselhadora Biográfica pela Associação Sagres/Fórum Internacional for Professional Work Biography based on Antroposophy – Goetheanum – Suíça. Docente de cursos da Associação Brasileira de Medicina Antroposófica – ABMA. Presidente da ABMA-RJ de 2012-2016. Membro da Diretoria a partir de 2016. Coordenadora dos cursos da ABMA-RJ e representante da Comissão de Ensino RJ. Fundadora da Trinus Formação Biográfica do Rio de Janeiro. Consultório em Ipanema e on line.
Engenheira Química com Mestrado em fisico química e Pedagoga Curativa formada pela Parsifal. Trabalha na área de Farmácia Antroposófica desde 2008. Professora da formação de Pedagogia Curativa da Parsifal onde ministra temas como Cosmogenese e Festas Cristãs. Professora da ABMA SP, RJ, NE onde mostra temas como 7 metais, goetheanismo.
Médico com residência em Medicina de Família e Comunidade pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina – Unifesp-EPM, com especialização em Geriatria e Gerontologia também pela Unifesp-EPM e é formado em Medicina Antroposófica pela Associação Brasileira de Medicina Antroposófica-ABMA em São Paulo-SP. É também Terapeuta Comunitário, formado pelo criador desta modalidade terapêutica, Prof. Dr. Adalberto Barreto. Trabalhou na Associação Comunitária Monte Azul e atualmente atende na Casa Aurum (Campinas – SP).
médico graduado pela UFPb em 1979. Pós-graduação em Filosofia Existencial pela Católica de Brasília em 2000. Presidente da Associação Médica de Medicina Homeopática em 1982, Minas Gerais. Presidente da Associação Brasileira de Medicina Antroposófica em 2011, Brasília. Presidente da ABMA Regional Centro Oeste.
Docente para antroposofia pela ABMA, Coordenador de cursos de formação antroposófica em Brasília e Goiânia. Médico Escolar da Escola Moara em Brasília por quinze anos. Médico assistente da Escola Sandbox em Fortaleza. Presidente do Instituto Tradição para o desenvolvimento humano em 2004, Brasília. Médico com consultório em Brasília e Belo Horizonte há 37 anos. Atuou com Ginecologista e Obstetra até 1988 em B. Horizonte.
Certificação de participação no Curso Básico de Antroposofia.
Os que não participaram de todos os módulos receberão Declaração de Frequência onde constam os módulos e intensivos nos quais participaram, com número de horas, assinado pelo coordenador do curso.
Escola Waldorf Michaelis
Rua Indiana, 75 – Cosme Velho/RJ